Estou lendo um livro que me emprestaram do Rubem Alves, "A alegria de ensinar". Confesso que não tem o tipo de linguagem de minha preferência, menos ainda a forma com que monta o texto. Digo claro, como leitor, pois não tenho habilidade de um escritor. Apesar disto li uma parte, um pequeno parágrafo que me convenceu ler o livro. Disponho:
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Estou lendo um livro que me emprestaram do Rubem Alves, "A alegria de ensinar". Confesso que não tem o tipo de linguagem de minha preferência, menos ainda a forma com que monta o texto. Digo claro, como leitor, pois não tenho habilidade de um escritor. Apesar disto li uma parte, um pequeno parágrafo que me convenceu ler o livro. Disponho:
Estreia do marcador "Educação/Pedagogia", com Rubem Alves.
Estou lendo um livro que me emprestaram do Rubem Alves, "A alegria de ensinar". Confesso que não tem o tipo de linguagem de minha preferência, menos ainda a forma com que monta o texto. Digo claro, como leitor, pois não tenho habilidade de um escritor. Apesar disto li uma parte, um pequeno parágrafo que me convenceu ler o livro. Disponho:
"...Pois, como todos sabem, mas ninguém tem coragem de dizer, toda escola tem uma classe dominante e uma classe dominada: a primeira, formada por professores e administradores, e que detém o monopólio do saber, e a segunda, formada pelos alunos, que detém o monopólio da ignorância, e que deve submeter o seu comportamento e o seu pensamento aos seus superiores, se desejam passar de ano.
Basta contemplar os olhos amedrontados das crianças e os seus rostos cheios de ansiedade para compreender que a escola lhes traz sofrimento. O meu palpite é que, se se fizer uma pesquisa entre as crianças e os adolescentes sobre as suas experiências de alegria na escola, eles terão muito que falar sobre a amizade e o companheirismo entre eles, mas pouquíssimas serão as referências à alegria de estudar, compreender e aprender.
A classe dominante argumentará que o testemunho dos alunos não deve ser levado em consideração. Eles não sabem, ainda... Quem sabe são os professores e os administradores.
Acontece que as crianças não estão sozinhas neste julgamento. Eu mesmo só me lembro com alegria de dois professores dos meus tempos de grupo, ginásio e científico. A primeira, uma gorda e maternal senhora, professora do curso de admissão, tratava-nos a todos como filhos. Com ela era como se todos fôssemos uma grande família. O outro, professor de Literatura, foi a primeira pessoa a me introduzir nas delícias da leitura. Ele falava sobre os grandes clássicos com tal amor que deles nunca pude me esquecer. Quanto aos outros, a minha impressão era a de que nos consideravam como inimigos a serem confundidos e torturados por um saber cujas finalidade e utilidade nunca se deram ao trabalho de nos explicar. Compreende-se, portanto, que entre as nossas maiores alegrias estava a notícia de que o professor estava doente e não poderia dar a aula. E até mesmo uma dor de barriga ou um resfriado era motivo de alegria, quando a doença nos dava uma desculpa aceitável para não ir à escola.
Não me espanto, portanto, que tenha aprendido tão pouco na escola. O que aprendi foi fora dela e contra ela. Jorge Luís Borges passou por experiência semelhante. Declarou que estudou a vida inteira, menos nos anos em que esteve na escola. Era, de fato, difícil amar as disciplinas representadas por rostos e vozes que não queriam ser amados..."
(Alegria de ensinar, 10ª edição. Alves, Rubens. Ed. Papirus, pags 15,16,17)